O véu e a cinta-liga


Domingo agora me recordei de algo inusitado que costumava observar. Eu havia saído e enquanto olhava as pessoas que tiravam fotos em frente ao Forte do Castelo/Prezépio em Belém, me lembrei das pessoas que iam até uma praça, em Campinas, para serem fotografadas. Até aí nada de novo, né? Sim, mas não eram pessoas quaisquer que queriam suas imagens gravadas com a luz para recordar algo cotidiano. Eram pessoas que representavam um laço, um momento marcante. Freqüentemente, mulheres. Mulheres vestidas de noivas, saídas das cerimônias na qual selaram sua união. Não à toa a praça é conhecida como a praça das noivas, originalmente seu nome é Praça Carlos Gomes, ela se localiza próxima ao colégio de mesmo nome, perto do prédio da prefeitura na Av. Anchieta. O inusitado é que na mesma praça em que, de dia símbolos da pureza e da fidelidade, à noite circulam mulheres que encarnam a luxúria e a devassidão. Prostitutas. Mulheres, antes de qualquer coisa. De dia, mulheres de longos vestidos brancos posam ao lado das árvores, sentadas nos bancos. À noite, mulheres com roupas justas, decotadas, usam as árvores como abrigo enquanto esperam os próximos homens de sua vida.

Há três anos não vou à Campinas. Muitas das minhas lembranças começa a se perder; as remanescentes podem já não ser verdadeiras. Saudades? Acho que sim. O que me faz lembrar de minha irmã, que mora em Campinas, ter sido confundida, certa vez, com uma das mulheres da Carlos Gomes; não com as do dia. Minha irmã, menina, virgem... Quantas?...