Curioso depois de ver o belo ensaio da Vanity Fair e consultar meu livrinho sobre o Oscar e descobrir que a versão cinematográfica do musical da Broadway havia ganhado 10 estatuetas, corri para a locadora e sem a indecisão que me persegue peguei, o já clássico do cinema, West Side Story. Eu namorava esse filme há algum tempo...
Não foi uma boa escolha para um fim de semana de dúvidas existências e sentimentais, mas ainda assim o filme vale cada segundo dos seus 152 minutos (cerca de 2h30, um absurdo para os padrões atuais de cinema comercial que nos acostumou a tolerar no máximo 1h50...). Assisti de uma só vez, coisa que tem se tornado cada vez mais díficil nesses meus tempos de impaciência.
A história é inspirada em Romeu e Julieta, de Sheakspeare. Um amor impossível por uma imposição social. Sob o título de "Amor, sublime amor" argth!!! (acho que foi esse nome palha, bem anos 50/60, que me fez adiar tanto a vontade de assisti-lo) o filme foi lançado no Brasil em 1961. Na história, ambientada no West Side de NY lol, o que impede o casal de ficar junto é o fato de "pertencerem" a gangues rivais interessadas em terem o domínio sobre o mesmo território: são os porto-riquenhos do Sharks contra os nativos dos Jets. Interessante notar como NY á era tudo naquela época e como a questão da imigração já não era muito bem quista pelos nativos da América. O filme tem elementos do cinema clássico misturados a vangarda de experimentações que gerariam os avanços atuais.
O final, consegue ser mais desolador que o da tragédia de Sheakspeare. É claro que vou resistir a tentação de contá-lo. Os planos são demais e o filme é cheio de externas, então da para "passear" pela NY moderna de 1960. As cenas conseguem ser sutis, densas e até engraçadas ao mesmo tempo, afinal que gangue sai pelas ruas ameaçando os rivais enquanto dá saltinho e faz pliés? É por isso que amo os musicais: são dramáticos e leves. Vale também pela atuação exagerada de Natalie Wood, que eu não conhecia, mas por quem me apaixonei! O sotaque carregado de sua personagem chega a irritar, mas é delimitador de uma realidade que não queria ser mudada, mesmo com o choque cultural... Fico por aqui antes que comece a falar besteira, mas fica a dica: vá assistir Amor sublime amor.
P.S.: O filme tem como seqüência inicial a silhueta de uma "coisa". São quase quadro minutos estáticos naquilo, variando apenas a música e as cores com que a silhueta é apresentada. É demais ficar tentando adivinhar do que é aquela "sombra".